UGC & Marcas: quando o público vira Creator
- sr.cmartinz
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Quando o conteúdo vem do público: o real impacto do UGC nas marcas
Tem algo acontecendo nas redes que vale mais do que muitos anúncios bem produzidos por aí: gente real falando de marcas, mostrando produtos, contando experiências, fazendo reviews. E tudo isso sem script, sem briefing e, muitas vezes, sem nem saber que está “trabalhando” para aquela marca.
É o famoso UGC — User Generated Content, ou conteúdo gerado por usuários.
✨ Quando o consumidor vira criador
A lógica da comunicação mudou. Se antes a marca falava e o público escutava, agora é o público quem fala — e a marca precisa escutar, reagir, interagir e, muitas vezes, aprender com ele. Nesse cenário, o consumidor deixa de ser passivo e assume um papel criativo. Ele não apenas consome conteúdo, mas também produz, adapta, comenta, remixa, ressignifica.
Esse comportamento ganhou força com a popularização das redes sociais, mas foi além. Hoje, as pessoas querem ser protagonistas das marcas que consomem. Querem ver suas experiências valorizadas, suas opiniões ouvidas, seus conteúdos compartilhados. E fazem isso de forma natural, seja por gosto, identificação ou vontade de contribuir com outros consumidores.
É aí que o UGC se destaca: não é algo que você força, é algo que você cultiva. Quanto mais verdadeira for a relação da marca com seu público, maior a chance de esse público querer falar dela de forma espontânea.
E aqui entra um ponto estratégico: o conteúdo gerado por usuários não substitui o conteúdo de marca, mas expande o território de voz, dá outras camadas à narrativa e constrói uma relação mais horizontal entre empresa e comunidade.
É comunicação deixando de ser piramidal e se tornando uma rede cheia de conexões.
📊 Por que o UGC importa (muito)?
Num mundo saturado de anúncios, a confiança virou moeda rara. E o UGC se destaca justamente por oferecer o que os consumidores mais buscam: prova social.
Enquanto o conteúdo de marca carrega intenção comercial, o conteúdo gerado por usuários carrega vivência. A pessoa que posta sobre uma compra recente, que mostra como usa o produto ou que recomenda um serviço está validando a marca de um jeito que parece mais confiável, mais próximo, mais real.
Além disso, o UGC é um ativo que gera valor em múltiplas frentes:
– Aumenta a taxa de conversão: produtos com avaliações reais vendem mais. Vídeos de review e “como usar” feitos por clientes ajudam na decisão de compra.
– Reduz o custo de produção de conteúdo: ao estimular o público a criar, a marca acessa uma biblioteca infinita de materiais autênticos.
– Fortalece a autoridade social da marca: quanto mais pessoas falam de você, mais relevante você parece.
– Impulsiona o SEO e a descoberta orgânica: posts de usuários, hashtags, vídeos no YouTube e menções ajudam a marca a aparecer em mais lugares.
Mais do que isso: o UGC alimenta o ciclo de confiança. Um conteúdo gerado por usuário influencia outro consumidor, que por sua vez também pode gerar um novo conteúdo, e assim por diante. A marca passa a viver não só nos seus canais, mas na boca, e nas mãos, do povo.
🔄 UGC não é tendência. É cultura.
Muita gente ainda trata UGC como um “plus”, um bônus na estratégia de conteúdo. Algo complementar, legal de ter, mas não essencial. Isso é um erro.
O conteúdo gerado por usuários não é uma ação pontual. Ele reflete uma mudança cultural muito maior: a descentralização da autoridade de marca.
Hoje, a percepção da sua marca não é formada só pelo que você diz — mas, principalmente, pelo que as pessoas dizem sobre ela. E elas estão falando, o tempo todo. A questão é: você está ouvindo?
Essa descentralização tem tudo a ver com o conceito de comunicação horizontal, que rompe a lógica de cima pra baixo e passa a operar em rede. No lugar da publicidade como monólogo, temos o marketing como diálogo. Ou melhor: como ecossistema.
Isso também está ligado à lógica dos criadores: um universo que cresce exponencialmente e que conversa diretamente com o UGC. Cada usuário pode ser, potencialmente, um influenciador. Não é mais sobre o número de seguidores, e sim sobre a capacidade de gerar identificação, engajamento e repercussão genuína.
O UGC é, portanto, um reflexo da era da participação. Uma era em que a audiência não quer só assistir — quer fazer parte. E quando a marca abre espaço pra isso, o engajamento não é só maior: é mais significativo, mais sustentável, mais verdadeiro.
🧠 Marcas que entenderam o jogo
Marcas que abraçaram o UGC não o fazem apenas como uma ação pontual de marketing. Elas o colocam no centro da estratégia. São marcas que entenderam que o consumidor não quer só consumir; ele quer cocriar, pertencer, ser reconhecido.
Vejamos alguns exemplos de como as marcas fazem do UGC um exemplo a ser adotado:
🧴 Glossier, Inc.
Construída com base na comunidade, a Glossier transformou suas clientes em embaixadoras. Seus canais digitais são abastecidos com fotos e depoimentos reais. O resultado? Uma marca que soa como uma conversa entre amigas.
“As pessoas são nossas maiores influenciadoras.” — relatou Emily Weiss, fundadora da Glossier
📱 Apple – “Shot on iPhone”
A campanha se tornou case mundial porque une propósito de produto (qualidade da câmera) com prova social real (fotos feitas por usuários no mundo todo). Mais que uma ação, virou um movimento global.
O produto se vende através do olhar de quem usa. E isso diz muito.

🛏️ Airbnb
O Instagram da marca é praticamente um álbum de experiências compartilhadas por viajantes reais. Isso fortalece o senso de comunidade, reforça o propósito e ainda entrega conteúdo de valor..
É branding, é conteúdo e é mídia espontânea — tudo em um.

🎮 Xbox Brasil
Durante o isolamento da pandemia, o perfil incentivou a hashtag #JogandoEmCasa e passou a repostar conteúdos dos próprios gamers. Com isso, o público se sentiu valorizado e representado. A comunidade cresceu e passou a defender a marca como se fosse “dona” dela. E, de certa forma, é.
🥤 The Coca-Cola Company – “Share a Coke”
Um clássico: ao personalizar latinhas com nomes, a Coca incentivou o compartilhamento espontâneo nas redes. O produto virou conteúdo. O conteúdo virou campanha. A campanha virou movimento.
Essas marcas não apenas criam para o público — elas criam com o público.

💡 Como aplicar o UGC na sua estratégia?
Fazer UGC acontecer de verdade exige estratégia, escuta ativa e uma postura aberta à colaboração. Aqui estão alguns caminhos práticos para colocar isso em ação:
1. Construa um território cultural e afetivo
UGC não nasce do nada. Ele nasce quando a marca cria identificação, conversa com valores, estilos de vida e narrativas que ressoam com as pessoas. Marcas que se posicionam com clareza e constância são mais lembradas — e mais citadas.
2. Facilite a participação
Use hashtags específicas, convites diretos nas legendas, desafios criativos, filtros de Instagram, templates reutilizáveis. Quanto mais claro e simples for o convite, maior a adesão.
3. Valorize quem participa
Repostar não é só repostar. É dar palco. É transformar o consumidor em protagonista. Isso gera laço, pertencimento e ativa o famoso “efeito manada” — se um foi reconhecido, outros vão querer ser também.
4. Use o UGC como pilar de conteúdo
Muita marca ainda enxerga o UGC como “extra”. Mas ele pode (e deve) ser parte central do seu conteúdo. Dá pra montar campanhas inteiras com base no que o público gera. Dá pra alimentar e-mails, vídeos, posts, anúncios.
5. Amplifique o alcance com estratégia de mídia
Mesmo sendo espontâneo, o UGC pode ser impulsionado. Marcas como Nike, Netflix e Samsung Electronics já usam conteúdo gerado por usuários em campanhas pagas. Isso maximiza a autenticidade — e o ROI.
🇧🇷 E no Brasil?
O Brasil é uma potência em engajamento digital. Segundo a We Are Social (2024), somos o segundo país que mais consome redes sociais no mundo. E, de acordo com o Opinion Box, 71% dos brasileiros já compraram algo por influência de conteúdo postado por outras pessoas — sejam amigos, creators ou desconhecidos.
Além disso:
– #recebidos é uma das hashtags mais populares no TikTok Brasil
– Marcas como Sallve, Havaianas, Cacau Show e Nubank já usam o conteúdo de clientes como parte do branding digital.
– 89% dos brasileiros afirmam que preferem comprar de marcas que parecem “gente como a gente”
Ou seja: tem terreno fértil demais pra ser ignorado.
🧭 UGC é mais do que conteúdo. É estratégia de comunidade.
No fim, trabalhar com UGC é uma questão de visão: você enxerga seu público como consumidor ou como parceiro de criação?
Quando a marca escolhe abrir espaço, ouvir, cocriar e amplificar as vozes da comunidade, ela sai do centro e passa a orbitar junto com as pessoas. Isso muda tudo.
Mais do que ser lembrada, a marca passa a ser vivida.
💬 Bora cocriar?
Se você quer transformar sua marca em uma comunidade de verdade, onde o público fala, compartilha e faz parte da sua história, me chama.
Eu posso te ajudar a criar estratégias que não só engajam, mas também fazem as pessoas quererem ser a voz da sua marca.